Começa nesta segunda-feira (16), a sexta edição
do Encontro Mistral. A versão 2012 do evento traz ao Brasil 81 produtores de 16
países, que apresentarão aos enófilos, centenas de rótulos de diferentes
regiões, uvas, estilos e preços. A feira começa em São Paulo, onde será
realizada nos dias 16, 17 e 18, sempre no Hotel Grand Hyatt, entre 17h e 21h30.
Os cariocas terão que correr para provar tudo. No Rio, o evento acontecerá em
apenas um dia, quinta-feira (19), no Sofitel, também entre 17h e 21h30. Como o
tempo será curto para tanto vinho, o Wine Report preparou um pequeno guia,
destacando 20 dos 81 produtores que estarão presentes ao evento. Mas atenção:
não é uma lista com os melhores isso ou aquilo. Apenas algumas dicas de certos
vinhos que você não pode deixar de provar. As sugestões estão dispostas em
ordem alfabética:
Alois
Lageder
(Alto Adige, Itália)
Vinhos puros e limpos são a marca deste
produtor do norte da Itália, cada vez mais reconhecido pela crítica
internacional como um importante nome da região.
O que provar: Pinot Grigio Benefizium Porer
2007
Quem vai estar lá: Alexander Hecht
Ànima
Negra
(Mallorca, Espanha)
Miquelangel Cerdá era pescador. Do mar, partiu
para a terra. Plantou vinhas, fez vinhos. E que vinhos! Rendimentos baixos,
produção pequena, castas autóctones... Produtor cultuado, já por cá esteve em
outros eventos da Mistral. Além dos grandes vinhos, é um excelente papo.
O que provar: ÀN Anima Negra 2007
Quem vai estar lá: Miquelangel Cerdá
Bollinger
(Champanhe, França)
São poucas as casas de champanhe cuja elegância
mistura-se à da mística em torno da bebida. A Bollinger certamente é uma delas.
São vinhos finos, elegantes, delicados, cheios de classe. E, ao mesmo tempo,
dotados de uma bela estrutura capaz de carregar a champanhe sem problema
através dos anos. Ótima maneira de começar bem a feira.
O que provar: Spécial Cuvée Brut
Quem vai estar lá: Philippe Menguy
Campolargo
(Bairrada, Portugal)
Carlos Campolargo é um sujeito de riso farto,
cabeleira revolta e ideias firmes. Para ele, muito mais relevante do que as
castas autóctones está a fidelidade ao lugar de origem: no caso, a amada
Bairrada. Por isso, procura refletir em seus vinhos, independente das castas
usadas na produção da bebida, o gosto da terra de onde eles são gerados.
O que provar: Calda Bordalesa 2006
Quem vai estar lá: Carlos Campolargo
Castello
di Ama
(Toscana, Itália)
Entre obras de arte contemporânea e vinhos
muito acima da média, Marco Pallanti e Lorenza tocam esta joia da Toscana e,
certamente, uma das principais referências da região dos chiantis. Impressiona
a qualidade de toda a linha. E chama a atenção a devoção pelo que a terra dá.
Mesmo diferentes, todos os vinhos têm a assinatura de Marco: uma acidez
vibrante e uma elegância austera.
O que provar: Castello di Ama Chianti Classico
2007
Quem vai estar lá: Marco Pallanti
Château
Musar
(Vale do Bekaa, Líbano)
Este é um dos grandes vinhos do mundo. Possui
uma soberba capacidade de guarda, muita personalidade, estrutura e vivacidade. Em
troca, exige paciência. Um Château Musar não é um vinho para abrir e provar
assim sem mais nem menos. É preciso esperar. São sete anos entre a colheita das
uvas e o lançamento do vinho. E uma vez aberto, é preciso decantar. Por horas e
horas. Às vezes, de um dia para o outro até. Mas a espera vale a pena.
O que provar: Château Musar 2003
Quem vai estar lá: Serge Hochar
Cos
d’Estournel
(Bordeaux, França)
O Cos é um dos meus bordeaux preferidos. A
combinação entre força e elegância, entre fruta e terra, entre o moderno e o
tradicional, faz desta casa uma síntese de St. Estèphe. Imperdível.
O que provar: Château Cos d’Estournel 2009
Quem vai estar lá: Géraldine Santier
Daumas
Gassac
(Languedoc-Roussillon, França)
Émile Peynaud foi o responsável pela criação
desta vinícola, ícone do sul da França. Os vinhos são carregados de tipicidade,
cheios de taninos e consagrados por adjetivos elogiosos da crítica especializada.
O que provar: Daumas de Gassac Rouge 2009
Quem vai estar lá: Victorine Babé
Gaía
(Nemea, Peloponeso e Santorini, Grécia)
A agiorgítiko – literalmente, uva de São Jorge –
é a especialidade desta casa grega. E em tempos de Corinthians campeão da Taça
Libertadores, nada como fazer um agrado ao santo e provar os vinhos feitos com
esta casta.
O que provar: Agiorgítiko by Gaía 2009
Quem vai estar lá: Iliana Sidiropoulou
Kanonkop
(Stellenbosch, África do Sul)
Casa sul-africana que produz um pinotage de
respeito, um cabernet-sauvignon sempre muito bem pontuado e um vinho de entrada
de gama pra lá de saboroso: o Kadette. Mas bom mesmo é o corte bordalês da
vinícola, o Paul Sauer. Prove, feche os olhos, e sinta-se em Bordeaux.
O que provar: Paul Sauer 2008
Quem vai estar lá: Johann Krige
Kracher
(Burgenland, Áustria)
Alois Kracher era um gênio. E que foi embora
cedo demais, em 2007. Mas deixou um belo legado, cuidado com esmero pelo filho Gerhard,
que estará na feira. Os brancos doces são simplesmente espetaculares.
O que provar: Cuvée Auslese 2009
Quem vai estar lá: Gerhard Kracher
Lungarotti
(Úmbria, Itália)
Úmbria e Abruzzo são duas regiões italianas
pouco celebradas no mundo vitivinícola. Tudo bem que há motivos para tal. Muitos
vinhos de qualidade duvidosa saem destas duas paragens. Mas de onde não saem
vinhos ruins? Quem nunca tomou um bordeaux de quinta que atire a primeira taça!
No entanto, tanto Úmbria quanto Abruzzo guardam joias raras, vinhos de primeira
linha e – melhor – bem mais em conta do que similares de outras regiões mais
votadas. Lungarotti é um destes produtores. Vale provar a linha toda. Mas o
destaque absoluto é um vinho raro, um tinto doce, feito com a sagrantino.
Tomara que esteja na feira! É uma obra de arte.
O que provar: Sagrantino di Montefalco Passito
2007
Quem vai estar lá: Marco Zauli
Niepoort
(Douro, Portugal)
Dirk Niepoort é um sujeito singular. Tem o
hábito de carregar na mala do carro em que viaja, grandes vinhos. E abre onde
estiver, na hora em que der na telha. Irrequieto, maluco, inventivo, genial. Outro
estande onde vale a pena provar tudo o que estiver à mostra, dos brancos aos vinhos
do porto. Se lá estiver o Redoma branco então, melhor ainda!
O que provar: Redoma Reserva Branco 2009
Quem vai estar lá: Dirk Niepoort
Pascal
Jolivet
(Loire, França)
Eu sou fã de vinhos do vale do Loire. E mais fã
ainda dos vinhos de Pascal Jolivet. O cara sabe o que faz. Prove o que ele
abrir, sem susto. E delicie-se com pouillys e sancerres minerais, elegantes,
saborosos.
O que provar: Exception Sancerre 2004
Quem vai estar lá: Pascal Jolivet
Paul
Hobbs Winery
(Califórnia, Estados Unidos)
Um dos grandes nomes da viticultura
norte-americana, Paul Hobbs é craque. Os vinhos são encorpados, robustos, concentrados,
cheios de fruta. Mas sempre com um toque delicado, uma acidez bem trabalhada,
um tanino fino. O cabernet do cara é fora de série. E o pinot que ele faz em
Russian River está, fácil, entre os melhores do mundo feitos com a uva. Paul
Hobbs deve ficar apenas em São Paulo. Mas os vinhos virão para o Rio.
O que provar: Paul Hobbs Pinot Noir Lindsay
Vineyard Russian River 2008
Quem vai estar lá: Paul Hobbs
Quinta
da Pellada
(Dão, Portugal)
Muita gente aponta o Dão como a Borgonha de Portugal.
Se aceitarmos a comparação, então certamente Álvaro Castro é uma espécie de Aubert
de Villaine português. O enólogo faz vinhos de rara elegância, finos,
delicados. Irreverente, um tanto desorganizado, sagaz, genial. Outra mesa onde
não há que se ter pressa.
O que provar: Quinta da Pellada Carrocel 2008
Quem vai estar lá: Maria Castro
Remírez
de Ganuza
(Rioja. Espanha)
Rioja de estilo moderno, mas mantendo a
tipicidade da região, este produtor tem rapidamente ganhado espaço no coração
da crítica especializada. Motivos não faltam. Os vinhos são grandiosos. Toda a
linha vale a pena. E aos mais interessados em enologia, fica a dica: converse
com o cara. Ele sabe muito.
O que provar: Remírez de Ganuza Reserva 2004
Quem vai estar lá: Fernando Remírez de Ganuza
Tapanappa
(South Australia, Austrália)
Este é um projeto conjunto da Bollinger, do
Château Lynch Bages e do enólogo australiano Brian Coser. Esqueça a Austrália
de vinhos potentes, carregados de fruta, super-extraídos, mega concentrados e
um tanto cansativos. Aqui diz presente a Austrália boa, onde extração,
concentração e fruta convivem com uma fineza dos taninos e uma acidez mais
presente.
O que provar: Tapanappa Tiers Chardonnay 2007
Quem vai estar lá: Marc Hoffmann
Tasca
d’Almerita
(Sicília, Itália)
Aos poucos a Sicília vai conquistando um espaço
importante no mundo do vinho. A cada ano aumenta o número de bons rótulos que
saem de lá. A Tasca é uma das pioneiras na recuperação da credibilidade dos
vinhos sicilianos. Há muita coisa boa para provar aqui, de diferentes partes da
ilha. Prove tudo. É a melhor maneira para entender a enorme diversidade da
Sicília.
O que provar: Tascante IGT 2008
Quem vai estar lá: Antonio Virando
Vallontano
(Vale dos Vinhedos, Brasil)
Que o Brasil há algum tempo produz bons vinhos
não é novidade pra ninguém. Mas o que tem aparecido em qualidade parece ter
sumido em inteligência. Uma onda de imbecilidade parece ter assolado
irremediavelmente o universo vinícola nacional. Vide o tenebroso selo fiscal e
o fantasma da monstruosa salvaguarda, que ainda vive a nos assombrar. Tais
medidas visam favorecer os grandes nomes da indústria de vinhos do Brasil. E
ajudam a esmagar os pequenos, por sinal, os que mais têm contribuído para esta
percepção da melhora de qualidade dos vinhos brazucas. Entre as vozes
dissonantes, está a do corajoso e talentoso Luis Henrique Zanini, da Vallontano
– uma reserva de inteligência nesse descerebrado mundo da viticultura nacional.
O que provar: Espumante LH Zanini Extra Brut
2010
Quem vai estar lá: Luis Henrique Zanini
Confira a lista completa dos produtores
clicando aqui. O
ingresso para o Encontro Mistral 2012 custa R$ 290. Reservas e informações,
pelo telefone (11) 3372 3400.
Nenhum comentário:
Postar um comentário