sexta-feira, 2 de abril de 2010

O fabuloso vinho de Nicolas Joly

por Alexandre Lalas


Nicolas Joly costuma dizer que “um vinho não deve apenas ser bom, mas ser sincero e refletir as sutilezas do lugar de origem”. Um dos principais nomes da viticultura biodinâmica, o francês é responsável por elevar a chenin blanc a um patamar antes desconhecido. Com a uva, faz um dos melhores vinhos brancos do planeta, o Clos de La Coulée de Serrant, cujos sete hectares de vinhas foram plantados pelos monges cistercienses em 1130.

A agricultura biodinâmica é baseada em métodos ancestrais que remontam à Idade Média. As influências do sol, da lua, das estrelas, dos animais, do meio ambiente, tudo é respeitado. E o uso de todos os fertilizantes químicos, pesticidas e fungicidas é radicalmente abolido. Segundo Joly “o uso de herbicidas faz com que a planta necessite cada vez mais do uso de outros herbicidas e fertilizantes químicos ainda mais fortes, num ciclo parecido com o de um viciado em drogas”. Para evitar doenças, Joly costuma, anualmente, pulverizar sobre as vinhas uma pequena quantidade de enxofre e outra de uma mistura de cal e cobre. Segundo ele, o enxofre tem um efeito benéfico, principalmente quando as vinhas estão em flor.

Embora para algumas pessoas o conceito de biodinâmica seja apenas uma forma de marcar uma posição simpática e politicamente correta em um mundo dominado por uma competição cada vez mais feroz, o fato é que os vinhos de Joly falam por eles. São bons pacas. E caros. No Rio, o sommelier Pedro Dias, do D’Amici, quando reformulou a carta de vinhos do restaurante incluiu uma vertical de Clos de La Coulée de Serrant. Estão disponíveis no restaurante as safras de 1973, 1989, 1990, 1994, 2004 e 2005. Os preços variam entre R$ 920 e R$ 2.430. Parece caro. E é. Mas sorte de quem pode pagar.