por Alexandre Lalas
Embora o título da coluna que eu escreva semanalmente no Jornal do Brasil seja “vinhos e outras cachaças”, a mais brasileira das bebidas nunca teve um grande espaço por lá. Chegou a hora de reparar esta injustiça. Por definição, a cachaça é a aguardente produzida pela destilação do mosto resultante da fermentação do caldo de cana. No sentido figurado, significa paixão, inclinação ou gosto, por uma pessoa ou uma coisa. Há ainda outro, pejorativo, que muito irrita aos admiradores da cachaça: é quando alguém que bebe além da conta é taxado como “cachaceiro”. Maldade. Como bem lembra o especialista em cachaça Bernardo Kvapil, muitas vezes a pessoa sequer bebe cachaça.
Bernardo é um dos batalhadores para que a cachaça seja vista de forma mais carinhosa pelo brasileiro. E um ferrenho defensor do controle de qualidade da bebida. Ele costuma ensinar que ao escolher uma cachaça, o consumidor deve estar atento a alguns detalhes. Selo do IPI, informações do fabricante, procedência, CNPJ e registro no Ministério da Agricultura são garantias de que certos padrões foram cumpridos na fabricação.
Assim como o vinho, degustar cachaça também tem lá os seus rituais. Mais uma vez, é Bernardo Kvapil quem dá as dicas. Para começar, é preciso analisar a cor. A boa cachaça tem que estar transparente. Mesmo aquelas envelhecidas em madeira. Partículas em suspensão significam impurezas. E um provável descuido na hora de engarrafar a bebida. Cachaças turvas devem ser evitadas. Outra dica de Bernardo é girar o líquido no copo, assim como no vinho. As bebidas que não formem lágrimas são cachaças de nível inferior.
O passo seguinte é avaliar o aspecto olfativo. Segundo Bernardo, uma boa cachaça tem aromas de cana em primeiro lugar. E, dependendo do tipo de armazenamento, baunilha, canela, cravo e outras especiarias. Aromas de couro, terra e ovo denotam a presença de objetos estranhos à cachaça, portanto, de má procedência. Outro aspecto que mostra defeito na bebida é a ardência no nariz quando se inala a cachaça.
E, por fim, botamos a cachaça na boca. Bernardo recomenda que o degustador dê dois pequenos goles apenas para espalhar pela língua e as bochechas. Com a boca já preparada para receber o líquido, aí sim o degustador pode tomar goles mais generosos. Uma advertência que Bernardo faz é sobre o tipo de cachaça a ser provado. As novas, em geral brancas, com estágio em aço ou madeiras neutras, são mais agressivas ao paladar. Em geral, são as preferidas dos já iniciados. Enquanto as envelhecidas em madeira são, na maioria das vezes, mais macias, redondas.
Portanto, aproveite as preciosas dicas de Bernardo Kvapil, escolha a cachaça e deixe se levar pela mais brasileira das bebidas. Seja pura ou na consagrada caipirinha, com a fruta que bem entender.
Valeu Lalas, e espero que após o nervoso da "1a vez" a repercução seja boa e a "branquinha" volte mais vezes a suas paginas !!!!
ResponderExcluirUm brinde e um abraço,
Bernardo
Para se começar, tem q ter sempre o 1º passo...Muito bom ver q a coluna começou a falar de nossa bebida. Parabéns!
ResponderExcluirGisela Magoulas
Secretária da Confraria de Cachaça Copo Furado