por Alexandre Lalas
A Arzuaga Navarro fica no coração da Ribera Del Duero, exatamente entre a mítica Vega Sicilia e o aclamado Domínio de Pingus. São 150 hectares de um solo pobre e repleto de rocha calcária. E, assim como os vizinhos, Ignacio Arzuaga Navarro faz ali, desde 1993, vinhos de qualidade rara, sempre entre os melhores produzidos na Espanha.
Na última terça-feira, Ignacio veio ao Rio para apresentar os vinhos aos enófilos da cidade. Um almoço no Bistrô 66 com donos de restaurantes e jornalistas, e um jantar no Terzetto dirigido ao consumidor final. Fui ao jantar.
O primeiro prato, polvo cozido com páprica espanhola, não veio acompanhado por um vinho da Arzuaga. A Cava Raventós, trazida pela mesma importadora, a Decanter, fez as honras. Tanto o prato quanto o espumante estavam bons.
Então começou o serviço dos vinhos que estávamos lá para provar: os da Arzuaga Navarro. O primeiro foi o Crianza 2006 (R$ 125, Nota 9). E a melhor palavra para descrever este corte de tempranillo (90%), cabernet-sauvignon (7%) e merlot (3%) é frescor. No nariz, fruta vermelha e notas de baunilha. Na boca, além da acidez marcante, fruta, cremosidade e equilíbrio. Um belo cartão de visitas. O segundo vinho foi o Reserva 2005 (R$ 230, Nota 8,5). Nariz de média intensidade, com notas de frutas negras e especiarias e um toque de baunilha. Na boca, nervoso, com taninos ainda duros, mas elegantes, bom corpo e final longo e com leve amargor. Um vinho de guarda, que tende a melhorar com a idade. Com os dois vinhos, foi servida uma paella valenciana. Estava saborosa e combinou bem com ambos os vinhos.
Em seguida, provamos o Reserva Especial 2004 (R$ 400, Nota 8,5), corte de tempranillo (95%) com albillo, chamada de blanca del pais na região (5%). Intenso no nariz, com notas de frutas negras frescas, baunilha e alcaçuz. Na boca, untuosidade, maciez e equilíbrio. Ao mesmo tempo, foi servido o Gran Reserva 2001 (R$ 580, Nota 9,5). Corte de vinhas bem velhas de tempranillo (95%), com uma pequena porcentagem de cabernet-sauvignon e merlot. Nariz rico e intenso, com notas de frutas negras frescas, cogumelos, alcaçuz, canela e cravo. Na boca, fino, generoso, macio, intenso, longo. Um grande vinho com muita estrada pela frente. Para acompanhar os vinhos, filé mignon com redução de vinho, foie gras fresco e aromas de trufas. Prato pesado e que não ajudava em nada os tintos.
Para finalizar os trabalhos, outros dois vinhos: Gran Reserva 1996 (R$ 580, Nota 9) e Gran Arzuaga 2004 (R$ 800, Nota 9,5). O primeiro demorou a abrir, mas quando o fez, apresentou aromas de couro, tabaco, baunilha e especiarias. Na boca, amplo, fino, sedoso, longo. O Gran Arzuaga 2004 foi o vinho da noite. Corte de tempranillo (95%) com albillo (5%), nariz intenso e rico, com notas de cereja, amora, cacau, tabaco, terra. Na boca, estrutura e classe andam de mãos dadas. Fino, sedoso e sedutor, harmônico, longo. Já está ótimo, mas ficará ainda melhor com o passar dos anos. Estes últimos dois vinhos foram degustados sem comida. Nem precisava. São, ambos, vinhos de meditação. Dignos do terroir de onde vêm.
Os vinhos da Arzuaga Navarro são importados pela Decanter. O telefone da loja no Rio de Janeiro é 2286-8838. Os preços são relativos ao mercado carioca e são promocionais, válidos até o final de maio.
Nas fotos abaixo, Ignacio Arzuaga e os participantes do jantar.
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