por Alexandre Lalas
Uma sucessão de charmosos vilarejos ancestrais e campos verdes por onde pastam gordas vacas e recortada por belas montanhas. Este é o Jura, isolada região ao leste da França, quase na fronteira com a Suíça, que produz, além de um ótimo queijo de massa dura chamado Comté, vinhos de sabores e caráter únicos. Mas que, infelizmente, ainda não estão devidamente representados no mercado brasileiro. Poucas importadoras investem em vinhos desta região.
A originalidade dos vinhos começa nas cepas. Tudo bem que chardonnay (localmente chamada de melon d’Arbois) e pinot noir batem ponto no Jura. Mas a branca savagnin e as tintas poulsard e trousseau garantem a tipicidade da região. O clima é continental, com outonos longos e suaves, invernos muito frios e com muita neve, e verões quentes e ensolarados, mas, às vezes, marcados por mais chuva do que o desejado. Os solos são uma mistura de argila e calcário.
São quatro as denominações de origem do lugar: Arbois, Château Chalon, Côtes-de-Jura e Étoile. Mas, muito mais importante do que as denominações em si, são os tipos de vinhos produzidos no Jura, em especial dois deles: o vin jaune (ou vinho amarelo) e vin de paille (vinho de palha).
O vin jaune pode ser descrito como uma versão francesa do xerez. É feito com a savagnin, colhida bem madura e em vinhedos de baixo rendimento. Após as fermentações convencional e malolática, o vinho é transferido para barricas antigas de 228 litros, onde permanece por seis anos. Neste período, ocorre um fenômeno raro: um véu de leveduras, semelhante à flor do xerez, se forma na superfície, impedindo a entrada de ar. Durante o envelhecimento, ocorre uma forte evaporação do vinho, o que explica o formato único da garrafa de vin jaune, de 620 ml. É que, de cada litro existente nas barricas, sobram apenas 620 ml após os seis anos de estágio na madeira. O vin jaune tem um gosto quase salgado, que lembra muito o do xerez fino. Nozes, curry e gengibre são aromas comuns. Este tipo de vinho pode ser produzido em todas as regiões do Jura, mas os de maior prestígio vêm de Château Chalon, uma denominação que só produz o vinho amarelo.
O vin de paille é feito com uvas deixadas sobre uma cama de palhas, de outubro a janeiro. Os bagos ficam desidratados e geram um suco rico e concentrado. A fermentação é feita em pequenos barris e podem durar até quatro anos. O resultado é um vinho doce e sedoso, rico de aromas, com notas de marmelada e frutas em calda como figo, pêssego e damasco.
Além dos originais vin jaune e vin de paille, o Jura produz bons espumantes (em geral feitos com a chardonnay, pelo método tradicional), e brancos, rosados e tintos leves e frescos. Outra especialidade do Jura é o Macvin, um vinho de fermentação interrompida, muito parecido com o Pineau de Charentes (outro fortificado francês), mas um pouco mais seco.
muito boa a materia... deu vontade de ir pro Jura pra conhecer esses vinhos.
ResponderExcluirbjo
Alain G