por Alexandre Lalas


O MOVI é, de longe, a melhor notícia que aconteceu no panorama vinícola chileno nos últimos tempos. Mal nasceu, já cresceu, encorpou. À dúzia que criou o movimento, se juntaram outras quatro vinícolas. Em comum a elas, o compromisso com a independência e a busca por vinhos que reflitam o caráter e a identidade da terra e do local de onde vêm.
E ainda há outros compromissos que os sócios do MOVI precisam cumprir. Não pertencer ou manter laços com investidores ou poderosos grupos econômicos é uma condição primordial para a vinícola interessada em ingressar no movimento. Ter produção pequena e necessariamente voltada para a qualidade é outro ponto importante. E quanto mais pessoal e humano for o vinho, melhor.
Fazem parte do MOVI as seguintes vinícolas: Bravado Wines, Clos Andino, Flaherty, Garage Wine Co., Gillmore, Hereu, I Latina, Meli, Polkura, Reserva de Caliboro, Rukumilla, Sigla, Starry Night, Tipaume, Trabun e Von Siebenthal.
O casal Constanza Schwaderer e Felipe García, pais do tinto Facundo e do branco Marina, eleito pelo Guia de Vinhos do Chile como o melhor sauvignon blanc do país no ano passado, pilotam a Bravado Wines.
Outra estrela da companhia é a Von Sibenthal. Dona de um portfólio invejável, é considerada por muita gente (eu, inclusive) a melhor vinícola chilena da atualidade.
A Reserva de Caliboro, do conde italiano Francesco Marone Cinzano, produz apenas um vinho, o Erasmo, tinto de corte, feito no Vale do Maule e um dos mais elegantes vinhos do país.
A Polkura produz poucas garrafas de um syrah de qualidade feito em Marchigüe, no vale do Colchágua.
Ed Flaherty é enólogo da Viña Tarapacá e um dos principais responsáveis pelo salto de qualidade que a vinícola deu nos últimos anos. Em paralelo, toca um projeto pessoal, junto com a esposa, Jen Hoover: a Flaherty Wines. O vinho, um corte de syrah e cabernet-sauvignon, é um espetáculo.
Sigla é um projeto dos enólogos Cecilia Guzmán (Haras de Pirque), Germán Lyon (Perez Cruz), José Pablo Martin (Tamaya) e o francês Pierre Viala. O vinho é um belo cabernet/syrah do Alto Maipo
A Rukumilla é uma vinícola orgânica do vale do Maipo, pertencente a Andres Costa. Apenas um vinho é produzido, outro corte de cabernet/syrah, de excelente qualidade.
Francês de Cognac, Jose Luis Martin-Bouquillard passou cerca de 15 anos na gigante Pernod-Ricard e quatro na LVMH, mais precisamente na Veuve-Cliquot. No Chile, dirige com outros cinco amigos a Clos Andino, vinha de Curicó, especializada em cabernet-sauvignon.
A Garage Wine Co. e um projeto franco-canadense, cujas uvas provém do Alto Maipo, de Casablanca ou do Aconcágua, dependendo do que os enólogos pretendem. Os vinhos são bons e difíceis de encontrar, mesmo no Chile.
A Gillmore é uma vinícola do vale do Maule, colecionadora de prêmios. O Hacedor de Mundos, corte de cabernet franc, cabernet-sauvignon e merlot, é assombroso.
Hereu é um corte de syrah, malbec e carignan, de três diferentes vales chilenos. O dono da vinícola é o francês Arnaud Hereu, que também é enólogo da Odjfell.
Irene Paiva, enóloga da San Pedro, é uma das sócias do I Latina, que faz um bom syrah no vale do Cachapoal.
Os vinhos da Meli, Starry Night, Tipaume e Trabun eu ainda não tive a chance de provar. Mas, em se tratando de sócios do MOVI, singulares eles com certeza devem ser.