sábado, 9 de janeiro de 2010

O construtor de adegas

por Alexandre Lalas

A família, animada, esperava o sujeito que realizaria o sonho da casa: o construtor de adegas. A mesa estava posta, a espera do visitante ilustre. Eis que toca a campainha. Na porta, um negro forte, de 1,90m de altura por outros tantos de largura.

- O que o senhor deseja; pergunta, um tanto assustada, a dona da casa.

- Vim falar com o Fulano de Tal. Sou o Djalma, o rapaz que veio fazer a adega; explica o homem.

Histórias como esta são contadas, sempre às gargalhadas, por este simpático sujeito, que ganha a vida garantindo a longevidade de muitas garrafas de vinhos: Djalma Santos, 53 anos, apesar do nome, não tem nenhum parentesco com o lateral bicampeão do mundo de futebol pela Seleção Brasileira em 1958 e 1962. É Técnico em refrigeração e, desde que começou a fazer adegas, lá se vão 15 anos, não parou mais. Começou pelas mãos do engenheiro e enófilo Hércules Perna. Logo, montou o próprio negócio. Que, segundo Djalma, há cinco anos só faz crescer. Se antes os fregueses eram endinheirados apaixonados por vinho e uns poucos restaurantes que investiam no armazenamento das garrafas, hoje a coisa explodiu. É cada vez mais comum ver famílias de classe média alta investirem na construção de uma adega própria.

E vale qualquer espaço para transformar o sonho em realidade. Djalma conta que já fez adegas em áreas mínimas: “uma vez fiz uma para um cliente em um espaço muito pequeno, de apenas 1,03 m2, embaixo da escada da casa dele”, garante.

O custo de uma adega feita sob medida pode variar de R$ 5 mil a R$ 7 mil, por metro quadrado, dependendo do material usado. A obra costuma levar entre 30 a 40 dias. Entre as adegas feitas recentemente por Djalma estão as dos restaurantes Blu e Salitre, na Barra da Tijuca, do Nao, em São Conrado, e do Lorenzo Bistrô, no Jardim Botânico. Esta última, feita embaixo da escada, em um espaço bem limitado. A que mais orgulha o simpático Djalma, no entanto, foi feita para uma pessoa física, em um condomínio em Mangaratiba, no Estado do Rio. É toda envidraçada, com garrafeira em aço escovado, paredes em pedra madeira e piso em brita branca e com madeira de demolição.

Mas para quem não tem tanto espaço assim e nem escadas onde possam ser construídas as adegas, Djalma tem a solução. Recentemente, desenvolveu um novo tipo de adega. Mais parece um armário de cozinha, fica no alto, preso na parede e tem 65 cm de altura por 65 de profundidade. Cabe até 700 garrafas.

Para quem tiver interesse em construir uma adega em casa, Djalma, que é fã dos vinhos espanhóis feitos com a tempranillo, recomenda cautela. Segundo ele, a pessoa precisa ter realmente amor pelo vinho para curtir o mimo. Djalma não gosta de fazer a obra na casa de pessoas que querem uma adega em casa apenas para impressionar os amigos. Se este não for o caso, o site de Djalma é www.djadegas.com.br.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Quente demais para pensar

por Luciana Plaas

Que calor! Impossível pensar em alimentos pesados com este tempo. É hora de comidas refrescantes. Como a Sopa de tomate fria do Rosmarinus, em Visconde de Mauá. Um primor. Suco de melancia também desce muito bem nessa época. Ou então, ostras. De preferência, bem acompanhadas por um Muscadet Sèvre et Maine sur Lie, porque ninguém é de ferro!

Outro prato bem gostoso nesta época é tartar. Seja de carne, atum, salmão e por aí vai. Experimentei o steak tartar do Alessandro & Frederico outro dia e estava delicioso. Massas leves, com molhos de tomate ou pesto caem bem. E saladas, claro. De preferência, bem coloridas.

Existe também uma febre na cidade. Os iogurtes congelados. Há cerca de dois anos atrás eram poucos, mas agora estão por toda parte. Modismo que não sei se dura tanto. Vide o que aconteceu com as temakerias que infestaram a cidade no verão passado. Mas por falar neles, comida japonesa é uma grande pedida no calor.

Tudo que for de fácil digestão está valendo. E vamos aproveitar os espumantes, rosados e os brancos. Se estiver com saudades de comer aquele pato laqueado do Mr. Lam, o restaurante tem uma versão light do prato. O pato é servido com salada e um molho especial do Mr. Lam.


E sorvetes, claro. De todos os tipos. Quem estiver pelo Leblon, durante a semana, não deixe de provar o picolé do Morais. Ele mesmo quem faz. Há vinte anos. Sempre com sabores diferentes, com as frutas da estação. Ele fica sempre na Ataulfo de Paiva, em frente ao número 566.

Agora, com licença, que eu também sou filha de Deus! Vou à praia, tomar uma água de coco, que além de hidratar, refresca.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O sítio das águas claras

por Luciana Plaas


Terminadas as festas, é hora de férias, descanso. Nada de agendar compromissos. Tempo para ler, dormir, passear ou mesmo não fazer nada. Então, recebemos um convite bem de acordo com nossos planos. Um sitio em Águas Claras, interior do Rio de Janeiro, perto de Pedro do Rio. Gostei até do nome do lugar. Me senti prestes a encarar uma das aventuras do Sitio do Pica Pau Amarelo. Tudo perfeito.

Mas como a perfeição não existe, acordei entrevada na manhã da viagem. Pescoço duro, tudo doía. Até mexer os olhos. Malditas comemorações. Mesmo assim, não deixamos de ir. Nosso anfitrião me deu esperanças durante a viagem dizendo que na casa haveria três médicos. Tudo o que eu queria era chegar. Fosse para descansar ou tomar algum remédio. Cinquenta quebra-molas depois, chegamos. Logo, os doutores me ofereceram a cura: uma taça de espumante. Mas depois de tratada com a medicina tradicional, foi só alegria.

Aproveitei a piscina. Comi punhetas de bacalhau, cação frito. Tudo antes do almoço. Que chegou com bobó de camarões, pargo assado. Mas as estrelas da refeição, para mim, foram o chuchu e o quiabo. Plantação local. Mais fresco impossível. Cortados bem miudinhos, que nem em casa de vó. As cozinheiras do sítio estão lá há gerações!



Quando acordei do cochilo da tarde, o povo já começava os preparativos para o churrasco noturno. Fiquei responsável por fazer o molho de hortelã. Nunca tinha feito, mas ficou bom. Outro dia darei a receita. Tivemos frango, costelinhas de cordeiro, cebolas cortadas em rodelas e bacalhau. Tudo na brasa. Molho vinagrete e o meu, de hortelã. O frango acabou rapidinho. As costelinhas estavam divinas também. Foi a primeira vez que comi bacalhau feito na churrasqueira. E quando o produto é de boa qualidade, não é necessário muita coisa para realçar o sabor. Com essa comilança toda, as garrafas não paravam de serem abertas. Gostei muito do italiano Sito Moresco 2006, de Angelo Gaja e do português Quinta do Cabriz Reserva 2005. Àquela altura, até a lua azul já estava ali.




No dia seguinte, encantada pelo lugar, rodeado por árvores, saí batendo fotos. Bromélias, um fruto que é uma espécie de noz, limões. E ainda pude provar uma das especialidade da cozinheira do sítio, a Iracema: o babalu. É um doce de mamão verde. Não sou fã de compotas. Mas experimentei. A textura foi o que mais me encantou. Molinho por dentro. Nem achei muito doce. Antes de voltar pra casa ganhei um vidro cheinho.

Foi muito bom sair um pouco do Rio. Respirar outros ares. Quando me dei conta já era dia quatro. Chegando ao Rio, mais tranquila, até senti necessidade de comprar um agenda nova. Acho que agora, finalmente, estou pronta para 2010.

French 75

por Alexandre Lalas

Eis a receita de um drinque bacaninha para enfrentar o calor do verão, retirada do livro Complete home bartender’s guide, de Salvatore Calabrese. É o French 75, criação de Henry, o barman do famoso Henry’s Bar, em Paris. O nome é em homenagem a uma arma usada pelos franceses na primeira guerra mundial. Gostoso e bem fácil de fazer.

A receita:

2cl de gim

2cl de suco de limão

Um borrifo de gomme syrup

Champanhe

Ponha todos os ingredientes, menos o champanhe, num shaker. Misture. Coloque a mistura em uma taça de champanhe. Encha a taça com champanhe. Mexa. Sirva-se e aproveite.