sábado, 7 de abril de 2012

Tão perto e tão longe


Na volta de uma viagem para Angra dos Reis, minha filha parou para almoçar no restaurante Bira, em Guaratiba. Assim que chegou em casa, não parava de falar do pastel de camarão. Segundo ela, comeu uns quatro. Desde então, fiquei com muita vontade de dar um pulinho lá para conferir.

Mesmo morando no Recreio, acabo por esquecer que Grumari é aqui perto e Guaratiba nem é tão longe assim. O problema é sempre parar o que se está fazendo e simplesmente ir. Como não conseguia nunca, resolvi pedir ao Alexandre, para que no dia do meu aniversário fossemos lá.

Dito e feito, o dia chegou e partimos. Meio que na corrida, já que o restaurante fecha às 17hs. Chegamos a tempo. Amém. Já na entrada do restaurante, a vista encanta. É maravilhoso, natureza pura. Tudo bem rústico e aconchegante.


Mal sentamos e já fui logo pedindo quatro pastéis (R$4 a unidade), dois de camarão e dois de siri. Para acompanhar, caipirinha de lima com cachaça de alambique. Realmente minha filha tinha razão, dá pra comer muitos desses pastéis. O de camarão é campeão, mas o de siri também é gostoso. Tudo muito bem temperado, com camarão e siri mesmo.



Partimos para a moqueca de camarão (R$135). Enquanto ela não chegava ficamos conversando e tentando descobrir porque demoramos tanto para aproveitar as coisas que estão ao nosso alcance. Antes de chegarmos a qualquer conclusão a moqueca chegou. Cheirosa que só ela. Veio acompanhada de arroz branco e farofa de dendê. Servi-me de moqueca e farofa. Gostei muito do tempero dela, mas o camarão tinha passado um pouco do ponto, coisa de alguns minutinhos a menos. Mesmo assim não parei de comer a moqueca, porque o tempero realmente era certeiro. A farofa também estava um pouco cansada, já não era tão convidativa. Que pena.



Mesmo assim, quero voltar outras muitas vezes lá. Ainda tem a moqueca mista pra provar além de repetir os pastéis de camarão e me deliciar com a vista que não cansa de encantar.

Bira
Estrada da Vendinha, 68 - A
Barra de Guaratiba
T. 2410-8304

Brasil et Clochers



Duelo, bossa-nova, carnaval. Teve de tudo um pouco no Toques et Clochers, mega evento que gira em torno dos vinhos, e que ocorreu entre nos dias 31 de março e 1º de abril, nas cidades de Limoux e Antugnac. Neste ano, o Brasil foi o homenageado da festa. E conferiu um tempero todo especial ao evento, com direito a jantar de gala sob o comando dos chefs Roberta Sudbrack, Claude Troisgros e Rolland Villard, todos residentes no Rio de Janeiro.

As festividades começaram no sábado, com um almoço pondo a frente duas instituições das gastronomias francesa e brasileira: o cassoulet e a feijoada. Com o chef francês Jean Vasquié de um lado do fogão e a brasileira Kátia Barbosa, do Aconchego Carioca, do outro, foi realizada a disputa. Mais de 300 refeições depois, os comensais decidiram entre os dois pratos qual foi o melhor. O resultado foi indiscutível: com mais de 80% dos votos, a feijoada ganhou o duelo.

Após a brincadeira – realizada na praça principal da cidade de Limoux – os convidados foram a pequena Antugnac, onde seria realizada a abertura oficial das festividades. E sob um sol inclemente, teve início um desfile, seguido de festa e degustação, em uma festa que misturou gastronomia, música, artes plásticas, artesanato e vinho. Orgulhosos, produtores desfilavam suas bandeiras e catedrais, festejando a chegada da primavera.


O Brasil marcou presença novamente, com uma barraca montada estrategicamente no alto da cidade, com direito a livros e folhetos sobre o Rio de Janeiro, e quitutes como bolinho de feijoada, coxinha de galinha e queijo coalho com goiabada, preparados pela equipe do Aconchego Carioca. Em frente à barraca, um pequeno palco com uma banda brasileiríssima, comandada pelo pianista Mu Carvalho, pelo violonista Paulinho Lemos e pelo saxofonista Raul Mascarenhas colocava as pessoas para dançar ao som de samba e bossa-nova até o sol se por.



Em outros locais da pequena vila, bandas das cidades vizinhas se revezavam misturando ritmos tradicionais franceses a ousadias como a música tema do filme Rei Leão, sucessos do Abba e até um heavy metal meio fanfarra cover do Metallica. Em toda a parte, degustação de vinhos regionais, barraquinhas com gastronomia local (como ostras, foie gras e cassoulet) e inúmeros pequenos ateliers de artistas da região expondo quadros, gravuras, azulejos e artesanato em geral.

No final do dia, uma queima de fogos deixou todos ainda mais animados e a festa rolou até alta madrugada, sem que nenhum incidente fosse registrado – é bom deixar claro.

No dia seguinte, pela manhã, os convidados puderam degustar as amostras de cerca de 140 barricas, dos 60 principais produtores da Cooperativa de vinhos Aimery Sieur d'Arques, e que seriam leiloadas na tarde do mesmo dia. São quatro as regiões que compõe o universo da AOC Limoux. O mais valorizado costuma ser o Haute-Vallée. Neste ano, não foi diferente. No leilão, que arrecadou um total de € 728 mil e contou com a presença da baronesa Philippine de Rothschild, o clocher de La Serpent, que já havia sido o campeão no ano passado, voltou a se destacar sendo arrematado por € 8,8 mil. Entre os compradores (atacadistas, sommeliers, importadores e restauranteurs do mundo inteiro), muitos brasileiros, que ficaram com quase uma dezena das barricas.




Após o leilão, para celebrar, o jantar de gala. Com o salão decorado com motivos brasileiros, os chefs Roberta Sudbrack, Claude Troisgros e Rolland Villard desfilavam suas criações, bem escoltados por vinhos selecionados pelo sommelier Dionísio Chaves. No palco, a mesma banda que se apresentara em Antugnac no dia anterior, fazia a festa. E o espírito festeiro dos brasileiros contagiou tanto os convidados de diversas nacionalidades que, antes mesmo que a sobremesa fosse servida, a pista já estava cheia e o carnaval já havia começado oficialmente em Limoux.