sábado, 4 de setembro de 2010

O vinho é pop

por Luciana Plaas

O cantor norte-americano de música country Boz Scaggs pode até andar meio desaparecido da mídia, pelo menos fora das fronteiras do gênero musical nos Estados Unidos. Mas segue na ativa, em tour com Michael McDonald e Donald Fagen, dois outros nomes do country.


No entanto, Boz Scaggs, autor de hits setentistas como we’re all alone, embora não pense ainda em pendurar o microfone, cada vez mais tem se dedicado a outra atividade: a de produtor de vinhos.


Esta história começou em 1996, quando Boz e a esposa Dominque se mudaram para o vale do Napa. O casal comprou uma propriedade de 2,5 hectares ao longo de Mayacamas Ridge, ao norte do Monte Veeder, numa altitude que varia entre 330 e 450 metros. De início, eles pensaram em plantar árvores frutíferas. Mas aí um amigo ligado ao vinho foi visitar o casal e sugeriu que eles plantassem umas mudas de syrah, sobras de outro vinhedo, que carregava atrás da caminhonete.


Na primavera seguinte, quando as mudas floresceram, criaram raízes profundas também em Boz e na esposa. E, fãs dos vinhos do sul do Rhône, compraram mudas de outras duas uvas da região: mourvèdre e grenache, cujos clones vinham do renomado Château de Beaucastel, em Châteauneuf-du-Pape. Era o nascimento da Scaggs Vineyard.


O primeiro vinho foi feito no ano 2000. O enólogo responsável é o experiente Ken Bernards. A filosofia é a de menor intervenção possível nas vinhas. Desde 2005, os vinhedos, os pomares e as oliveiras de Scaggs receberam o certificado de orgânico. No início, o casal nem pensava em comercializar os vinhos. Toda a produção era bebida com amigos. Mas os elogios de quem provava a bebida e a certeza de estarem fazendo vinhos de qualidade incentivou o casal a lançar os rótulos da Scaggs no mercado.


A produção é artesanal e mínima. São dois rótulos: o Scaggs Vineyard Mt. Veeder Montage, cuja safra 2007 é um corte das três uvas plantadas na propriedade com predominância da mourvèdre. Deste vinho, foram lançadas apenas 348 garrafas, ao preço de US$ 75 cada. O outro rótulo é um vinho rosado, feito com a grenache. No site da Scaggs, o pacote com três garrafas da safra 2009 custa US$ 75.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sem reinventar a roda

Luciana Plaas

Seu Augusto, um cearense que sabe o que quer e com experiência de mais de quarenta anos no ramo, costuma dizer que o restaurante do qual é dono, o Málaga, no Centro do Rio, não tem novidades na comida. Não tem intenção de inventar a roda e nem de fazer releitura de nada. Tudo é muito conhecido, antigo, testado e aprovado.


Pude comprovar que realmente ele estava falando a verdade. O couvert (R$9), não poderia ser mais tradicional: pães, manteiga, patê e azeitonas. Depois veio um prato de Mussarela de búfala, presunto de Parma e legumes grelhados (R$36). Estava uma delícia, também sem nenhuma surpresa. Em seguida nos serviu um Polvo (R$48) que estava dos mais macios que comi nos últimos tempos.


Como o Seu Augusto disse que não haveria surpresas, nem me animei com o potinho de um risoto amarelo que puseram na minha frente. Mas o Arroz com pequi e camarões (R$ 38) surpreendeu. Estava bem melhor do que parecia e do que eu esperava. Comi tudo. Foi super bem com o vinho que estávamos tomando, Anakena Viognier. Quando achei que chegaríamos à principal razão de nossa passagem pelo Centro, o esperado leitão, me enganei, veio uma provinha do Bacalhau às natas (R$ 38). Gostoso, mas eu estava me guardando para a estrela da tarde, o famoso Leitão do Málaga.



De repente ele chegou e com tudo, inteirinho e reluzente. Estava lindo! Fui servida e não acreditava como a carne estava macia. Faca nem era preciso. Veio acompanhado de batatas coradas e farofa brasileira. Só provei a farofa, porque estava era concentrada no porquinho. Não era tão temperado como os de Portugal. Nem se notava tanto a gordura de alguns outros lugares. Estava na medida. Assado em baixa temperatura. O molho, servido à parte, muito bem feito, fino, sem gordura, mas com acidez. Gostaria de estar com uma fome maior para comer mais. Vale lembrar que este prato deve ser encomendado de véspera, assim como o cabrito. O prato de leitão, com qualquer acompanhamento, custa R$59.




Na hora da sobremesa, pensei em pedir um fruta, mas o Seu Augusto disse que lá eles faziam Bananas flambadas (R$28 para duas pessoas) como ninguém. Não houve como resistir. Realmente sabem o que estão fazendo. Foi assim o almoço inteiro. Sem novidades, nem invencionices, como diz Seu Augusto. Mas bom e consistente do começo ao fim.



Serviço:
Málaga
Miguel Couto 121
Centro
(21)2253-0862
(21)2233-3515
http://www.malaga.com.br