sábado, 27 de março de 2010

O vinho em caixa

por Alexandre Lalas

Em 1965, o australiano Tom Angove teve uma excelente ideia: acondicionar vinhos dentro de uma caixa. Encheu bexigas de polietileno de 4,5 litros com vinhos e as colocou dentro de uma embalagem de papelão. Era o nascimento dos vinhos em bag-in-box. No começo, a coisa ainda era complicada. O consumidor tinha que furar a bexiga, derramar a quantidade desejada e vedar a tampa com um equipamento especial. Dois anos depois, outro australiano, Charles Henry Malpas patenteou uma espécie de plástico embalado a vácuo, com uma torneira que fica para o lado de fora, o que facilitou imensamente o trabalho dos consumidores. Estava aberto o caminho para o vinho em caixa, o bag-in-box.

Na Austrália, país de nascimento da embalagem, o bag-in-box reina soberano. Se não tem o mesmo glamour de uma bonita garrafa, a tal caixa é prática até dizer chega. Para quem bebe sozinho em casa, e raramente mata a garrafa inteira, é uma excelente solução. O vinho pode ser guardado na geladeira mesmo. E dura por meses. Isso acontece porque a embalagem a vácuo evita a oxidação do vinho. Portanto, a pessoa pode servir-se de uma taça durante a refeição, sem o risco de que o vinho estrague. Para restaurantes, bares e afins, a caixinha também é uma mão na roda. Por preservar bem a bebida, é a solução ideal para incrementar a venda de vinhos em taça, reduzindo bastante o desperdício.

Mas, mesmo com todas estas vantagens, o vinho vendido em bag-in-box é pouco consumido pelo brasileiro. São muitas as razões. Em primeiro lugar, preconceito e desinformação. Além da falta de glamour, a caixa de papelão não é esteticamente grande coisa. Mas a praticidade compensa e muito a falta de charme. Outro motivo é mais complicado. Quando as primeiras embalagens de bag-in-box foram comercializadas no Brasil, a qualidade dos vinhos ali acondicionados era sofrível. Era a raspa do tacho da produção. Isso provocou uma associação da embalagem com bebida ruim.

Hoje em dia, algumas vinícolas nacionais já oferecem um vinho potável em bag-in-box. Ainda poderia ser melhor. É evidente que ninguém espera que um grande vinho, top de linha, com largo potencial de envelhecimento, seja comercializado na caixinha. Mas vinhos melhores poderiam ser vendidos na embalagem, e não apenas os de entrada de linha das vinícolas. Um aumento na qualidade do que é vendido dentro do bag-in-box poderia ser a alavanca que falta para que este tipo de vinho finalmente consiga o lugar que merece no mercado nacional.

4 comentários:

  1. Cumprimentos pelo Blog e pelo Post!!! É sempre bom saber a origem das coisas. Já degustei bons vinhos acondicionados nessas embalagens.

    Neri Cavalheiro

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  2. Eu virei fã de vinho em caixa, sempre tenho em casa. O problema da garrafa é que você acaba bebendo a garrafa inteira, por pena de deixar estragar. Com a caixinha dá pra beber aquele saudável cálice diário sem culpa.

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  3. Mas também dá pra fechar a garrafa,e até com perfeição, melhor que esses vinhos de caixinha. É só comprar uma bomba a vácuo para fazer um fechamento perfeito na garrafa. Vinho em caixa é bom só para a culinária

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  4. O vinho em caixa é bem mais barato do que em garrafa, e isso é ótimo para quem bebe muito. No meu caso, são 3 litros diários, então dá uma diferença.

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