quinta-feira, 29 de abril de 2010

O vinho alemão

por Alexandre Lalas

No Brasil, para os não iniciados, durante muito tempo o vinho alemão foi sinônimo de Liebfraumilch. Pois aquele famigerado vinho branco açucarado da garrafa azul, se serviu de porta de entrada para o mundo da bebida a muitas pessoas, também foi um dos responsáveis pela dificuldade que o vinho alemão tem em se posicionar no mercado. Mas não foi a única. Para quem não está acostumado, entender todas as informações que os rótulos dos vinhos alemães trazem é tarefa hercúlea. Mas o fato é que há muita coisa de qualidade disponível nos catálogos das principais importadoras brasileiras.

Os primeiros vinhedos chegaram ao país através dos romanos. E desde então, bons vinhos são feitos por lá. Mas a enxurrada de vinhos ruins despejados nas gôndolas de supermercados mundo afora, principalmente na segunda metade do século passado, quase levou à bancarrota diversos produtores de vinhos de qualidade, além de causar sérios danos à imagem do vinho alemão.

São três os níveis de qualidade oficial: o Tafelwein, ou vinho de mesa, o QbA (Qualitätswein eines bestimmten Anbaugebiete) e o QmP (Qualitätswein mit Prädikat). Os primeiros são os vinhos mais simples, alguns inclusive feitos fora do território alemão e engarrafados por um algum negociante do país. Os QbA são os vinhos produzidos em uma região delimitada. E os QmP, os tops de linha da escala do vinho alemão, são aqueles que não necessitam da adição de açúcar refinado ao mosto antes da fermentação.

Os QmP são subdivididos em seis categorias. Kabinett é o nível mais simples. Spätlese significa vindima tardia. São feitos com uvas colhidas mais maduras. Podem ser secos ou doces. Auslese é o vinho feito com uvas selecionadas que podem ou não ter sido atacadas pela podridão nobre. Beerenauslese são vinhos feitos com uvas super maduras, selecionadas manualmente, e que podem ter sido atacadas pela botritis. Trockenbeerenauslese são feitos com a uva passa e seca, atacadas pela podridão nobre. São os grandes vinhos alemães. Há ainda os Eiswein, vinho de sobremesa, feito com uvas congeladas.

Em um rótulo alemão, o primeiro nome geralmente é o do produtor, que vem precedido por weingut (domínio) ou schloss (château). Quando o vinho é engarrafado pelo produtor na propriedade, aparece a palavra gutsabfüllung. São especificados ainda a safra, a cepa, a classificação de qualidade, a procedência, o tipo de vinho e a graduação alcoólica.

Entre as cepas, destaque absoluto para a riesling. Mas outras uvas brancas como sylvaner, muller-thurgau e elbling, em boas mãos, geram vinhos interessantes. Entre as cepas tintas, a pinot noir, conhecida localmente como spätburgunder é a mais comum. São treze as regiões oficiais produtoras de vinho na Alemanha. As principais são Mosela-Saar-Ruwer, Pfalz, Rheingau, Rheinhessen, Nahe, Francônia, Nahe e Ahr.

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