terça-feira, 21 de junho de 2011

A maldição da estrela

Quando os críticos do Guia Michelin concedem uma estrela a um restaurante, a expectativa dos donos é de que filas se formem na porta e a casa fature alto. Nem sempre é assim. A vida real mostra que nem apenas de prêmios vive um estabelecimento comercial. Vide o exemplo de Olivier Douet, chef e dono do Le Lisita, bistrô que fica em Nîmes, no sul da França, e agraciado com uma estrela Michelin desde 2006. Com o restaurante vazio e cansado dos altos custos necessários para manter um restaurante padrão uma estrela Michelin, o chef radicalizou: devolveu o prêmio aos organizadores.

Quando ganhou a honraria, Douet comemorou. Mal sabia ele que, pouco tempo depois, a tal estrelinha se transformaria quase em uma maldição. Manter o padrão estrelado de um restaurante não é barato. É a excelência do atendimento, a qualidade dos ingredientes. Tudo isso custa caro. E, para que a conta no fim do mês feche, acaba refletindo nos preços cobrados no cardápio.

Só que os habitués da casa não gostaram da novidade e foram sumindo do restaurante. Novos clientes não vieram na mesma proporção em que os antigos foram minguando. E a crise de 2008 foi a pá de cal nos planos de Douet. O chef, que pensava em ampliar o restaurante usando um terreno na parte de trás da casa, lutou arduamente para não quebrar.

A maneira encontrada por Douet para não precisar fechar as portas da casa foi voltar às raízes. E transformou o Le Lisita em uma informal brasserie. “Em um restaurante estrelado, é preciso um garçom para cada cinco, seis pessoas. Em uma brasserie, o mesmo cara atente até 30 clientes”, explicou o chef.

Sem estrelas, mas com custos menores e preços mais baixos, Douet espera trazer de volta os velhos clientes.

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