quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Elegância portenha

por Alexandre Lalas


Silvio Alberto faz parte de uma geração de enólogos que, lá pelo meio dos anos 90, começou a mudar a cara do vinho argentino. Mas, desde que começou a trabalhar, lá se vão vinte e poucos anos, na La Rural (vinícola que faz o Rutini), Silvio sempre teve uma visão diferente do vinho. No lugar de muito extrato seco, concentração, fruta compotada, longos estágios em madeira e potência, Silvio buscava elegância, fineza, delicadeza para os vinhos que fazia.

Quando foi chamado para começar o projeto da Andeluna, ainda no nascedouro, Silvio estava na Navarro Correa. Havia sido contratado com a missão de mudar a cara dos vinhos da empresa. Complicadores internos não deixavam com que Silvio levasse a cabo a missão que lhe fora encomendada. Portanto, o convite da Família Reina, que em conjunto com o milionário norte-americano Ward Ley veio em boa hora. A ideia era criar uma nova vinícola, com um conceito diferente do que reinava no vinho argentino na ocasião. E Silvio era o nome perfeito para a empreitada.

A Andeluna nasceu em 2003. E, neste caso, a missão encomendada virou, de fato, missão cumprida. Os vinhos da Andeluna se destacam justamente pela elegância que exibem. Atributo este cada vez mais imitado pelos pares argentinos.

Mas Silvio não para por aí. Em um país cujas exportações estão diretamente atreladas à locomotiva chamada malbec, o enólogo enxerga diversidade. Embora seja fã da uva (e quem não é), Silvio enxerga muito mais coisas no horizonte do que a badalada malbec. Cabernet franc, syrah e petit verdot são apostas feitas. E, se a primeira já se mostrou vitoriosa, as outras duas estão em pleno processo de produção. Se chegarão ao mercado ou não, é uma questão que caberá aos investidores da Andeluna. Mas, analisando o histórico de Silvio Alberto, é perfeitamente crível imaginar que a Andeluna marcará mais um golaço.

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