sábado, 7 de abril de 2012

Brasil et Clochers



Duelo, bossa-nova, carnaval. Teve de tudo um pouco no Toques et Clochers, mega evento que gira em torno dos vinhos, e que ocorreu entre nos dias 31 de março e 1º de abril, nas cidades de Limoux e Antugnac. Neste ano, o Brasil foi o homenageado da festa. E conferiu um tempero todo especial ao evento, com direito a jantar de gala sob o comando dos chefs Roberta Sudbrack, Claude Troisgros e Rolland Villard, todos residentes no Rio de Janeiro.

As festividades começaram no sábado, com um almoço pondo a frente duas instituições das gastronomias francesa e brasileira: o cassoulet e a feijoada. Com o chef francês Jean Vasquié de um lado do fogão e a brasileira Kátia Barbosa, do Aconchego Carioca, do outro, foi realizada a disputa. Mais de 300 refeições depois, os comensais decidiram entre os dois pratos qual foi o melhor. O resultado foi indiscutível: com mais de 80% dos votos, a feijoada ganhou o duelo.

Após a brincadeira – realizada na praça principal da cidade de Limoux – os convidados foram a pequena Antugnac, onde seria realizada a abertura oficial das festividades. E sob um sol inclemente, teve início um desfile, seguido de festa e degustação, em uma festa que misturou gastronomia, música, artes plásticas, artesanato e vinho. Orgulhosos, produtores desfilavam suas bandeiras e catedrais, festejando a chegada da primavera.


O Brasil marcou presença novamente, com uma barraca montada estrategicamente no alto da cidade, com direito a livros e folhetos sobre o Rio de Janeiro, e quitutes como bolinho de feijoada, coxinha de galinha e queijo coalho com goiabada, preparados pela equipe do Aconchego Carioca. Em frente à barraca, um pequeno palco com uma banda brasileiríssima, comandada pelo pianista Mu Carvalho, pelo violonista Paulinho Lemos e pelo saxofonista Raul Mascarenhas colocava as pessoas para dançar ao som de samba e bossa-nova até o sol se por.



Em outros locais da pequena vila, bandas das cidades vizinhas se revezavam misturando ritmos tradicionais franceses a ousadias como a música tema do filme Rei Leão, sucessos do Abba e até um heavy metal meio fanfarra cover do Metallica. Em toda a parte, degustação de vinhos regionais, barraquinhas com gastronomia local (como ostras, foie gras e cassoulet) e inúmeros pequenos ateliers de artistas da região expondo quadros, gravuras, azulejos e artesanato em geral.

No final do dia, uma queima de fogos deixou todos ainda mais animados e a festa rolou até alta madrugada, sem que nenhum incidente fosse registrado – é bom deixar claro.

No dia seguinte, pela manhã, os convidados puderam degustar as amostras de cerca de 140 barricas, dos 60 principais produtores da Cooperativa de vinhos Aimery Sieur d'Arques, e que seriam leiloadas na tarde do mesmo dia. São quatro as regiões que compõe o universo da AOC Limoux. O mais valorizado costuma ser o Haute-Vallée. Neste ano, não foi diferente. No leilão, que arrecadou um total de € 728 mil e contou com a presença da baronesa Philippine de Rothschild, o clocher de La Serpent, que já havia sido o campeão no ano passado, voltou a se destacar sendo arrematado por € 8,8 mil. Entre os compradores (atacadistas, sommeliers, importadores e restauranteurs do mundo inteiro), muitos brasileiros, que ficaram com quase uma dezena das barricas.




Após o leilão, para celebrar, o jantar de gala. Com o salão decorado com motivos brasileiros, os chefs Roberta Sudbrack, Claude Troisgros e Rolland Villard desfilavam suas criações, bem escoltados por vinhos selecionados pelo sommelier Dionísio Chaves. No palco, a mesma banda que se apresentara em Antugnac no dia anterior, fazia a festa. E o espírito festeiro dos brasileiros contagiou tanto os convidados de diversas nacionalidades que, antes mesmo que a sobremesa fosse servida, a pista já estava cheia e o carnaval já havia começado oficialmente em Limoux.

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