terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O sítio das águas claras

por Luciana Plaas


Terminadas as festas, é hora de férias, descanso. Nada de agendar compromissos. Tempo para ler, dormir, passear ou mesmo não fazer nada. Então, recebemos um convite bem de acordo com nossos planos. Um sitio em Águas Claras, interior do Rio de Janeiro, perto de Pedro do Rio. Gostei até do nome do lugar. Me senti prestes a encarar uma das aventuras do Sitio do Pica Pau Amarelo. Tudo perfeito.

Mas como a perfeição não existe, acordei entrevada na manhã da viagem. Pescoço duro, tudo doía. Até mexer os olhos. Malditas comemorações. Mesmo assim, não deixamos de ir. Nosso anfitrião me deu esperanças durante a viagem dizendo que na casa haveria três médicos. Tudo o que eu queria era chegar. Fosse para descansar ou tomar algum remédio. Cinquenta quebra-molas depois, chegamos. Logo, os doutores me ofereceram a cura: uma taça de espumante. Mas depois de tratada com a medicina tradicional, foi só alegria.

Aproveitei a piscina. Comi punhetas de bacalhau, cação frito. Tudo antes do almoço. Que chegou com bobó de camarões, pargo assado. Mas as estrelas da refeição, para mim, foram o chuchu e o quiabo. Plantação local. Mais fresco impossível. Cortados bem miudinhos, que nem em casa de vó. As cozinheiras do sítio estão lá há gerações!



Quando acordei do cochilo da tarde, o povo já começava os preparativos para o churrasco noturno. Fiquei responsável por fazer o molho de hortelã. Nunca tinha feito, mas ficou bom. Outro dia darei a receita. Tivemos frango, costelinhas de cordeiro, cebolas cortadas em rodelas e bacalhau. Tudo na brasa. Molho vinagrete e o meu, de hortelã. O frango acabou rapidinho. As costelinhas estavam divinas também. Foi a primeira vez que comi bacalhau feito na churrasqueira. E quando o produto é de boa qualidade, não é necessário muita coisa para realçar o sabor. Com essa comilança toda, as garrafas não paravam de serem abertas. Gostei muito do italiano Sito Moresco 2006, de Angelo Gaja e do português Quinta do Cabriz Reserva 2005. Àquela altura, até a lua azul já estava ali.




No dia seguinte, encantada pelo lugar, rodeado por árvores, saí batendo fotos. Bromélias, um fruto que é uma espécie de noz, limões. E ainda pude provar uma das especialidade da cozinheira do sítio, a Iracema: o babalu. É um doce de mamão verde. Não sou fã de compotas. Mas experimentei. A textura foi o que mais me encantou. Molinho por dentro. Nem achei muito doce. Antes de voltar pra casa ganhei um vidro cheinho.

Foi muito bom sair um pouco do Rio. Respirar outros ares. Quando me dei conta já era dia quatro. Chegando ao Rio, mais tranquila, até senti necessidade de comprar um agenda nova. Acho que agora, finalmente, estou pronta para 2010.

2 comentários:

  1. Olá Luciana e Lalas.

    Parabéns pelo blog, que está muito legal.

    O "fruto que é uma espécie de noz" é a castanha-do-maranhão, cujo nome científico é Bombacopsis glabra. As sementes são castanhas que, torradas no forno com um pouco de sal, tranformam-se em um excelente tira-gosto.

    Na arborização urbana do Rio de Janeiro encontramos uma espécie muito parecida com a que vc fotografou: a munguba (Pachira aquatica), cujo fruto é semelhante, porém de casca e sementes marrons. Além de consumido da mesma forma que a castanha-do-maranhão, com as sementes torradas e moídas faz-se uma bebida semelhante a chocolate.

    Forte abraço!

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  2. Por sorte, ou talvez azar, foi em Águas Claras que nasci. Deu-me um uma saudade dos bons tempos de menino, que não volta jamais....

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