domingo, 15 de julho de 2012

O grande encontro




Começa nesta segunda-feira (16), a sexta edição do Encontro Mistral. A versão 2012 do evento traz ao Brasil 81 produtores de 16 países, que apresentarão aos enófilos, centenas de rótulos de diferentes regiões, uvas, estilos e preços. A feira começa em São Paulo, onde será realizada nos dias 16, 17 e 18, sempre no Hotel Grand Hyatt, entre 17h e 21h30. Os cariocas terão que correr para provar tudo. No Rio, o evento acontecerá em apenas um dia, quinta-feira (19), no Sofitel, também entre 17h e 21h30. Como o tempo será curto para tanto vinho, o Wine Report preparou um pequeno guia, destacando 20 dos 81 produtores que estarão presentes ao evento. Mas atenção: não é uma lista com os melhores isso ou aquilo. Apenas algumas dicas de certos vinhos que você não pode deixar de provar. As sugestões estão dispostas em ordem alfabética:

Alois Lageder
(Alto Adige, Itália)
Vinhos puros e limpos são a marca deste produtor do norte da Itália, cada vez mais reconhecido pela crítica internacional como um importante nome da região.
O que provar: Pinot Grigio Benefizium Porer 2007
Quem vai estar lá: Alexander Hecht

Ànima Negra
(Mallorca, Espanha)
Miquelangel Cerdá era pescador. Do mar, partiu para a terra. Plantou vinhas, fez vinhos. E que vinhos! Rendimentos baixos, produção pequena, castas autóctones... Produtor cultuado, já por cá esteve em outros eventos da Mistral. Além dos grandes vinhos, é um excelente papo.
O que provar: ÀN Anima Negra 2007
Quem vai estar lá: Miquelangel Cerdá

Bollinger
(Champanhe, França)
São poucas as casas de champanhe cuja elegância mistura-se à da mística em torno da bebida. A Bollinger certamente é uma delas. São vinhos finos, elegantes, delicados, cheios de classe. E, ao mesmo tempo, dotados de uma bela estrutura capaz de carregar a champanhe sem problema através dos anos. Ótima maneira de começar bem a feira.
O que provar: Spécial Cuvée Brut
Quem vai estar lá: Philippe Menguy

Campolargo
(Bairrada, Portugal)
Carlos Campolargo é um sujeito de riso farto, cabeleira revolta e ideias firmes. Para ele, muito mais relevante do que as castas autóctones está a fidelidade ao lugar de origem: no caso, a amada Bairrada. Por isso, procura refletir em seus vinhos, independente das castas usadas na produção da bebida, o gosto da terra de onde eles são gerados.
O que provar: Calda Bordalesa 2006
Quem vai estar lá: Carlos Campolargo

Castello di Ama
(Toscana, Itália)
Entre obras de arte contemporânea e vinhos muito acima da média, Marco Pallanti e Lorenza tocam esta joia da Toscana e, certamente, uma das principais referências da região dos chiantis. Impressiona a qualidade de toda a linha. E chama a atenção a devoção pelo que a terra dá. Mesmo diferentes, todos os vinhos têm a assinatura de Marco: uma acidez vibrante e uma elegância austera.
O que provar: Castello di Ama Chianti Classico 2007
Quem vai estar lá: Marco Pallanti

Château Musar
(Vale do Bekaa, Líbano)
Este é um dos grandes vinhos do mundo. Possui uma soberba capacidade de guarda, muita personalidade, estrutura e vivacidade. Em troca, exige paciência. Um Château Musar não é um vinho para abrir e provar assim sem mais nem menos. É preciso esperar. São sete anos entre a colheita das uvas e o lançamento do vinho. E uma vez aberto, é preciso decantar. Por horas e horas. Às vezes, de um dia para o outro até. Mas a espera vale a pena.  
O que provar: Château Musar 2003
Quem vai estar lá: Serge Hochar

Cos d’Estournel
(Bordeaux, França)
O Cos é um dos meus bordeaux preferidos. A combinação entre força e elegância, entre fruta e terra, entre o moderno e o tradicional, faz desta casa uma síntese de St. Estèphe. Imperdível.
O que provar: Château Cos d’Estournel 2009
Quem vai estar lá: Géraldine Santier

Daumas Gassac
(Languedoc-Roussillon, França)
Émile Peynaud foi o responsável pela criação desta vinícola, ícone do sul da França. Os vinhos são carregados de tipicidade, cheios de taninos e consagrados por adjetivos elogiosos da crítica especializada.
O que provar: Daumas de Gassac Rouge 2009
Quem vai estar lá: Victorine Babé

Gaía
(Nemea, Peloponeso e Santorini, Grécia)
A agiorgítiko – literalmente, uva de São Jorge – é a especialidade desta casa grega. E em tempos de Corinthians campeão da Taça Libertadores, nada como fazer um agrado ao santo e provar os vinhos feitos com esta casta.
O que provar: Agiorgítiko by Gaía 2009
Quem vai estar lá: Iliana Sidiropoulou

Kanonkop
(Stellenbosch, África do Sul)
Casa sul-africana que produz um pinotage de respeito, um cabernet-sauvignon sempre muito bem pontuado e um vinho de entrada de gama pra lá de saboroso: o Kadette. Mas bom mesmo é o corte bordalês da vinícola, o Paul Sauer. Prove, feche os olhos, e sinta-se em Bordeaux.
O que provar: Paul Sauer 2008
Quem vai estar lá: Johann Krige

Kracher
(Burgenland, Áustria)
Alois Kracher era um gênio. E que foi embora cedo demais, em 2007. Mas deixou um belo legado, cuidado com esmero pelo filho Gerhard, que estará na feira. Os brancos doces são simplesmente espetaculares.
O que provar: Cuvée Auslese 2009
Quem vai estar lá: Gerhard Kracher

Lungarotti
(Úmbria, Itália)
Úmbria e Abruzzo são duas regiões italianas pouco celebradas no mundo vitivinícola. Tudo bem que há motivos para tal. Muitos vinhos de qualidade duvidosa saem destas duas paragens. Mas de onde não saem vinhos ruins? Quem nunca tomou um bordeaux de quinta que atire a primeira taça! No entanto, tanto Úmbria quanto Abruzzo guardam joias raras, vinhos de primeira linha e – melhor – bem mais em conta do que similares de outras regiões mais votadas. Lungarotti é um destes produtores. Vale provar a linha toda. Mas o destaque absoluto é um vinho raro, um tinto doce, feito com a sagrantino. Tomara que esteja na feira! É uma obra de arte.
O que provar: Sagrantino di Montefalco Passito 2007
Quem vai estar lá: Marco Zauli

Niepoort
(Douro, Portugal)
Dirk Niepoort é um sujeito singular. Tem o hábito de carregar na mala do carro em que viaja, grandes vinhos. E abre onde estiver, na hora em que der na telha. Irrequieto, maluco, inventivo, genial. Outro estande onde vale a pena provar tudo o que estiver à mostra, dos brancos aos vinhos do porto. Se lá estiver o Redoma branco então, melhor ainda!
O que provar: Redoma Reserva Branco 2009
Quem vai estar lá: Dirk Niepoort

Pascal Jolivet
(Loire, França)
Eu sou fã de vinhos do vale do Loire. E mais fã ainda dos vinhos de Pascal Jolivet. O cara sabe o que faz. Prove o que ele abrir, sem susto. E delicie-se com pouillys e sancerres minerais, elegantes, saborosos.
O que provar: Exception Sancerre 2004
Quem vai estar lá: Pascal Jolivet

Paul Hobbs Winery
(Califórnia, Estados Unidos)
Um dos grandes nomes da viticultura norte-americana, Paul Hobbs é craque. Os vinhos são encorpados, robustos, concentrados, cheios de fruta. Mas sempre com um toque delicado, uma acidez bem trabalhada, um tanino fino. O cabernet do cara é fora de série. E o pinot que ele faz em Russian River está, fácil, entre os melhores do mundo feitos com a uva. Paul Hobbs deve ficar apenas em São Paulo. Mas os vinhos virão para o Rio.
O que provar: Paul Hobbs Pinot Noir Lindsay Vineyard Russian River 2008
Quem vai estar lá: Paul Hobbs

Quinta da Pellada
(Dão, Portugal)
Muita gente aponta o Dão como a Borgonha de Portugal. Se aceitarmos a comparação, então certamente Álvaro Castro é uma espécie de Aubert de Villaine português. O enólogo faz vinhos de rara elegância, finos, delicados. Irreverente, um tanto desorganizado, sagaz, genial. Outra mesa onde não há que se ter pressa.
O que provar: Quinta da Pellada Carrocel 2008
Quem vai estar lá: Maria Castro

Remírez de Ganuza
(Rioja. Espanha)
Rioja de estilo moderno, mas mantendo a tipicidade da região, este produtor tem rapidamente ganhado espaço no coração da crítica especializada. Motivos não faltam. Os vinhos são grandiosos. Toda a linha vale a pena. E aos mais interessados em enologia, fica a dica: converse com o cara. Ele sabe muito.
O que provar: Remírez de Ganuza Reserva 2004
Quem vai estar lá: Fernando Remírez de Ganuza

Tapanappa
(South Australia, Austrália)
Este é um projeto conjunto da Bollinger, do Château Lynch Bages e do enólogo australiano Brian Coser. Esqueça a Austrália de vinhos potentes, carregados de fruta, super-extraídos, mega concentrados e um tanto cansativos. Aqui diz presente a Austrália boa, onde extração, concentração e fruta convivem com uma fineza dos taninos e uma acidez mais presente.
O que provar: Tapanappa Tiers Chardonnay 2007
Quem vai estar lá: Marc Hoffmann

Tasca d’Almerita
(Sicília, Itália)
Aos poucos a Sicília vai conquistando um espaço importante no mundo do vinho. A cada ano aumenta o número de bons rótulos que saem de lá. A Tasca é uma das pioneiras na recuperação da credibilidade dos vinhos sicilianos. Há muita coisa boa para provar aqui, de diferentes partes da ilha. Prove tudo. É a melhor maneira para entender a enorme diversidade da Sicília.
O que provar: Tascante IGT 2008
Quem vai estar lá: Antonio Virando

Vallontano
(Vale dos Vinhedos, Brasil)
Que o Brasil há algum tempo produz bons vinhos não é novidade pra ninguém. Mas o que tem aparecido em qualidade parece ter sumido em inteligência. Uma onda de imbecilidade parece ter assolado irremediavelmente o universo vinícola nacional. Vide o tenebroso selo fiscal e o fantasma da monstruosa salvaguarda, que ainda vive a nos assombrar. Tais medidas visam favorecer os grandes nomes da indústria de vinhos do Brasil. E ajudam a esmagar os pequenos, por sinal, os que mais têm contribuído para esta percepção da melhora de qualidade dos vinhos brazucas. Entre as vozes dissonantes, está a do corajoso e talentoso Luis Henrique Zanini, da Vallontano – uma reserva de inteligência nesse descerebrado mundo da viticultura nacional.
O que provar: Espumante LH Zanini Extra Brut 2010
Quem vai estar lá: Luis Henrique Zanini

Confira a lista completa dos produtores clicando aqui. O ingresso para o Encontro Mistral 2012 custa R$ 290. Reservas e informações, pelo telefone (11) 3372 3400.

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